MAPUTO 23 DE FEVEREIRO DE 2025 – No dia 15 de Fevereiro de 2025, comemorou-se o Dia Mundial do Pangolim.
A Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), levou alunos da zona tampão do Distrito de Matutuine, Província de Maputo e alunos da Escola 16 de Junho, da Cidade de Maputo, para um safari, realizado no Parque Nacional de Maputo, cujo o objectivo principal era consciencializar sobre as espécies em extinção, em particular, o pangolim e sobre a necessidade de preservação da nossa Biodiversidade.
O distrito de Chibabava é considerado, como sendo o que mais contribuiu na recolha e devolução de Pangolim vivo para o Parque Nacional da Gorongosa. Em 2024, as comunidades locais e o Governo de Chibabava devolveram 3 pangolins vivos encontrados.
O Parque Nacional da Gorongosa em reconhecimento convidou o Governo do Distrito de Chibabava, entre eles, Administrador do distrito, líderes comunitários, régulos e parte das comunidades locais para uma visita ao parque.
O Administrador do distrito de Chibabava, Tomé José, disse que o Governo do seu distrito tem sensibilizado as comunidades locais para quando encontrarem a espécie em extinção, Pangolim em particular, devem apresentar ao Governo para o animal ser devolvido ao Parque Nacional da Gorongosa.
“Através das comunicações públicas com a população, temos tratado o assunto da biodiversidade como um assunto transversal, sobretudo no contexto de consciencializar as comunidades sobre algumas espécies que devem ser conservadas, não só espécies animais, como mesmo os recursos florestais, por essa via, temos estado a dizer que, quando alguém encontrar um animal, não é para matar e usar como caril, tem que comunicar as autoridades locais, sobretudo as lideranças comunitárias e essas lideranças comunitárias é que devem nos dizer alguma coisa e vamos orientar o que se faz e é nesse sentido de quando uma comunidade acha um pangolim, eles comunicam ao líder comunitário e ele articula com o chefe da localidade, posto administrativo e nós tomamos conhecimento, enviamos uma equipa para lá, para reunir com as pessoas, explicar a importância daquele animal e os cuidados que deve tomar para que não se abatam de qualquer maneira e explicamos que o animal vai ser recolhido para uma zona de conservação. No acto da recolha do animal, vai uma equipa do Parque Nacional da Gorongosa, buscar o animal directamente naquela comunidade, em frente deles, com a assinatura de uma declaração de entrega do animal, mais do que isso, articulamos com o Parque Nacional da Gorongosa e eles concordaram connosco, levamos uma parte da zona onde os animais foram encontrados e fomos lá fazer uma visita ao Parque, não só para saber onde vão parar os animais, mas também para conhecer o que é isto de conservação.” Disse o Administrador de Chibabava, Tomé José.
Tomé José revelou que nos últimos 4 anos, o distrito de Chibabava devolveu para o Centro de Reabilitação de Pangolins do Parque Nacional da Gorongosa, 4 Pangolins vivos.
O administrador do distrito de Chibabava, Tomé José, apelou a população para continuar a observar as normas de Proteção da Biodiversidade.
“Continuemos a cumprir com as normas da Proteção da Biodiversidade, sobretudo na questão de colaborar com o governo, sobre a aparição dessa espécie rara e aprimorarmos os mecanismos de consciencialização da nossa comunidade sobre a necessidade de mantermos essa espécie, através da sua recolha e condução para o Parque Nacional da Gorongosa ou outros locais que sejam destinados a conservação da biodiversidade, isso como uma salvaguarda nossa não só como a geração de hoje, mas também para as outras gerações poderem conhecer e conviver com essa espécie.” – apelou o Administrador de Chibabava, Tomé José.
Por sua vez, a Gestora do Sector dos Serviços Veterinários, Mércia Ângela do Centro de Reabilitação do Pangolim, gostou de ver a presença dos líderes comunitários de Chibabava dentro do Parque Nacional de Gorongosa.
“Eu pessoalmente gostei muito porque a maior parte era mesmo os líderes comunitários, falo mesmo dos régulos, de algumas pessoas que fizeram a entrega dos pangolins ao parque. Foi muito bom interagir com eles e até um deles acabou ficando surpreso quando viu um dos pangolins que ele fez e entrega a semanas antes. Foi muito marcante e especial porque nós conseguimos perceber que a comunidade de certa forma esta envolvida naquilo que é a conservação do pangolim.” – Disse Mércia Ângela, Gestora do Sector dos Serviços Veterinários, do centro de reabilitação do Pangolim.
Mércia Ângela, aproveitou a ocasião para explicar sobre a importância do pangolim para o homem e a natureza.
“Os pangolins têm garras longas nos membros inferiores que usam para escavara terra para procurar formigas e térmites e então só esse staff de escavar a terra já permite que o solo fique arejado e mais fértil para poderem crescer as plantas que servem para alimentar os herbívoros, mas também servem para alimentar nós humanos porque também dependemos da agricultura por exemplo para conseguir o nosso alimento e sobreviver. O pangolim é um animal fantástico, ele alimenta-se de formigas e térmites, então a sua própria dieta já é importante para o ecossistema porque se não existisse animais que comem esses insectos estaríamos aqui em meio de pragas de formigas e térmites e essas pragas não seriam boas nem para os próprios animais nem para nós porque estariam a consumir tudo o que é planta em todo lado e seria difícil sobreviver em meio as pragas e de insectos.” – afirmou Mércia Ângela.
Na tradição moçambicana, o pangolim é também designado por Eka (no Norte), Nkawale (na região Centro) e Halakavuma (no Sul) e possui um valor social inestimável, visto como um animal associado a muitos mitos tais como é o de acreditar que foi enviado por Deus para trazer a prosperidade, a chuva, boas colheitas na agricultura ou por vezes como mensageiro de eventos negativos como a seca e outros fenómenos climáticos. (x)
23/02/2025