231 espécies de aves e 42 de mamíferos, incluindo um morcego desconhecido em Moçambique, estavam entre as espécies encontradas num período de duas semanas.
Mais de 1.000 espécies de animais e plantas foram descobertas por investigadores numa secção da Área de Conservação de Chimanimani, incluindo várias espécies novas em Moçambique e várias espécies potencialmente novas para a ciência.
As descobertas seguiram-se a um levantamento de biodiversidade de duas semanas que decorreu nos finais de 2018 na ainda pouco estudada Área de Conservação de Chimanimani, na província de Manica, e destacam a importância de proteger a rica biodiversidade desta paisagem contra ameaças como a mineração, aumento demográfico e a extração de madeira.
Para além das espécies de aves e mamíferos acima referidas, a equipa (composta por especialistas visitantes e estudantes do programa de Mestrado em Biologia da Conservação da Gorongosa) encontrou 22 espécies de anfíbios, 45 de répteis, mais de 450 de insetos e 176 de plantas. Acredita-se que uma espécie de morcego seja nova em Moçambique e que uma rã, um lagarto e um grilo do mato sejam novos para a ciência. Várias espécies de animais foram registadas pela primeira vez em Moçambique.
Em Chimanimani, a combinação única de diferentes altitudes, solos, chuva e fogo resultou num alto nível de endemismo, especialmente na flora. Esta Área de Conservação como um todo tem um papel crítico a desempenhar no funcionamento dos ecossistemas, mas enfrenta pressões de conversão do
uso da terra na sua zona-tampão. Como resultado, os esforços da sua administração estão focados na prevenção de invasões e na segurança da integridade da área.
“Os resultados demonstram a importância de Chimanimani para a biodiversidade em Moçambique e para a ciência da conservação global. É fundamental que as ameaças à paisagem, incluindo mineração ilegal, bem como a caça ilegal, a exploração madeireira e as práticas agrícolas prejudiciais sejam combatidas, para que possamos proteger esta paisagem única para as próximas gerações”, disse Lionel Macicane, administrador da Reserva Nacional de Chimanimani.
Verificou-se que uma área dentro da Reserva Florestal de Moribane, na zona tampão da Reserva Nacional de Chimanimani, abriga uma série de espécies únicas, uma descoberta que reforça ainda mais a importância de proteger o que resta da floresta perene de baixa altitude no país.
A Reserva Nacional de Chimanimani desempenha um papel vital na cultura das comunidades locais. As suas montanhas são habitadas há séculos e contêm importantes locais históricos, incluindo pinturas rupestres da Idade da Pedra e ruínas que datam da era do Grande Zimbábue dos séculos XIV e XV. Juntamente com o Parque Nacional de Chimanimani, no Zimbábue, a Reserva Nacional de Chimanimani constitui uma área protegida transfronteiriça, cobrindo cerca de 1.000 km².
O levantamento de biodiversidade foi realizado sob os auspícios do Projeto do Censo da Biodiversidade da Reserva Nacional de Chimanimani, apoiado pela Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável (FNDS), Fauna & Flora International (FFI), Projeto de Restauração da Gorongosa e Fundação MICAIA, com financiamento do programa MozBio1 do Banco Mundial por meio da Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND).
17/09/2019